O mercado dos media em Cabo Verde: espreitando a diáspora

Outubro 18, 2007 às 6:38 pm | Publicado em Ponto de Vista | Deixe um comentário

Silvino Évora 

Recentemente, surgiram dois semanários na paisagem mediática cabo-verdiana: o jornal A Nação, que faz parte da estrutura empresarial Alfa Comunicações e vem substituir o estatal Horizonte que fechou as portas há uns meses, e o Jornal de Cabo Verde, da empresa Media Capital, que está encostada à Media Plus – empresa que detém o diário digital Liberal On-line: www.liberal-caboverde.com. Na sua estratégia de crescimento, o grupo de comunicação de Apolinário Neves queria viabilizar um projecto de televisão em sinal aberto, tendo formado a empresa Media Press que se apresentou ao concurso, sendo afastado pela decisão final do Governo. Lembremos que está nos tribunais (penso eu que ainda continua na justiça) uma tentativa de impugnação do concurso, que não sei se irá ter grandes efeitos, tendo em conta a ‘velocidade de tartaruga’ a que movimenta a justiça cabo-verdiana. Os canais licenciados – quatro – têm, segundo o regulamento do concurso, até Janeiro de 2008 para iniciarem as actividades. Recorda-se que o prazo estipulado era de seis meses, renováveis por igual período de tempo.
Mas, não estamos aqui para falar das licenças da televisão, nem da Media Press, que não sabemos o que foi feito dela. Até esperávamos que o Senhor Apolinário Neves optasse por viabilizar a empresa para o sector impresso, mas, pelos vistos, ou desistiu dela ou mantém a esperança ainda de transformá-la num dos actores do sector televisivo em Cabo Verde.
O que queremos notar é a estratégia dos dois novos diários que surgiram. Há uma clara preocupação com a diáspora. O Jornal de Cabo Verde imprime 7 mil exemplares, sendo que dois mil são vendidos em Portugal, um dos países que mais cabo-verdianos acolhe. Por outro lado, há um notável interesse da empresa de Apolinário Neves em chegar aos cabo-verdianos nos EUA, por via de Boston.
Deambulando pela Internet, conseguimos uma primeira imagem do jornal A Nação. A imagem mostra-nos uma publicidade da publicação muito voltada para o público que está no exterior. É caso para dizer que os donos desses jornais viram no desenvolvimento que se regista no domínio do Turismo uma oportunidade de negócio na área da imprensa. Esperemos que a concorrência confirme a expectativa destes investidores e que realmente as empresas que entram no mercado cabo-verdiano comecem a dar mais importância à publicidade, dinamizando o mercado dos media que dia a dia está a tornar-se mais exigente. Com a entrada de mais quatro canais em sinal aberto e o nascimento de canais no cabo, as coisas vão ficar ainda mais complicadas. Os investidores têm que apertar o cinto e começar a lutar ‘cima na tempu di simentera’.

Portugal: Estatuto dos Jornalistas pode ‘ferir’ a Constituição

Outubro 18, 2007 às 4:46 pm | Publicado em Media & Jornalismo, Política | Deixe um comentário

Fotografia de Jorge Manuel Moura Loureiro de MirandaJorge Miranda, reputado constitucionalista português, “defende que o novo diploma do Estatuto do Jornalista apresenta “inconstitucionalidades” em matéria dos direitos de autor, lê-se no parecer daquele especialista tornado público pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ).
O parecer foi entregue sexta-feira ao presidente da República, Cavaco Silva, em conjunto com uma exposição do SJ, onde é pedida a não promulgação do diploma, aprovado em Setembro pela Assembleia da República, com as alterações ao Estatuto, e a “apreciação preventiva” da constitucionalidade do texto.
Na opinião daquele catedrático de Direito, o diploma apresenta “feridas de inconstitucionalidade material”, nomeadamente na área dos direitos de autor. Uma ideia partilhada pelo SJ que também defende que o diploma “confere insuficiente protecção ao sigilo profissional”. Para o SJ, essas disposições afectam, entre outros aspectos, “a liberdade de criação e de expressão dos jornalistas” e criam “condições objectivas para a redução do pluralismo informativo”.
O parecer do professor Jorge Miranda confirma que o SJ tem razão no combate que desenvolve há dois anos contra as disposições sobre o direito de autor .
O Estatuto dos Jornalistas foi aprovado pelo Parlamento, a 20 de Setembro, apenas com os votos da maioria socialista, depois de ter alterado as matérias que estiveram na base do veto do presidente da República. O sigilo profissional, outra das questões que mais objecções levantou a Cavaco Silva, também foi revisto, passando os jornalistas a estar sujeitos apenas à lei geral”. [
in JN]

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