Os contrastes do nosso mundo em imagens

Julho 10, 2007 às 11:18 pm | Publicado em Comunicação e Sociedade, Política | 9 comentários

Estas duas fotos mostram-nos dois mundos diferentes. A do lado esquerdo é daquelas imagens que merecem prémio. Fotojornalismo puro. O olhar do fotógrafo chegou a interpretar o pormenor. E esse pormenor tem um nome: pobreza. Encontramos a referida foto num blog de Cabo Verde que descobrimos recentemente (Espaço Cabo Verde), que nos dá conta de que a foto é proveniente de uma parte qualquer da África. A mesma África, cuja uma parte da população não se deixa fotografar porque entende que tirar uma fotografia é tirar a alma à pessoa retratada. Mas, essa pessoa que pôs-se mesmo a jeito de ser fotografada parece não ter esse medo. Talvez tenha percebido que esta fotografia apenas tirava alma à pobreza. “De acordo com a FAO, há 186 milhões de pessoas com fome em África. [11] A fome em África deve ser analisada em duas dimensões – longo e curto prazo. A longo prazo, as populações carenciadas possuem recursos limitados e são incapazes de comprar ou produzir, numa base contínua, a quantidade e qualidade de comida necessária para uma vida saudável. Esta condição crónica é mensurável por um indicador denominado desnutrição crónica definido como a altura da criança relativamente à altura normal de uma criança da sua idade. Na África Sub-Sahariana, a percentagem de crianças que estão com altura abaixo do normal, varia de 15% até 45%, mesmo em países onde não decorram conflitos ou que não sofram de seca grave. Isto indica que um grande número de crianças estará pouco desenvolvida a longo prazo, tanto fisica como mentalmente, em resultado de uma dieta inadequada” (fonte). A pobreza é um dos grandes ‘cancros’ que ‘comem’ os cornos e o coração da África. Se ninguém fizer nada, a África continua a ser um continente adiado. Os Governos africanos devem actualizar o calendário da África, que anda muito desactualizado e a contar os tempos fora da sua época. O futuro não pode continuar adiado. Hoje, está em cima da mesa, a possibilidade de se realizar um encontro que procure aproximar a União Europeia à África… ou a África à Europa? Quem se desloca, pouco importa. O que mais interessa é que essa cimeira, a acontecer, não fique por meras declarações de intenções, como muitos encontros que têm acontecido. E que outras portas abram, para que não continuemos a ver os nossos irmãos a ter que fazer esforços desses para andarem calçados.

Cabo Verde vai ter mais um partido político

Julho 10, 2007 às 11:51 am | Publicado em Política | Deixe um comentário

António Silva, antigo líder da UCID na estrutura regional Benelux, Alemanha e Inglaterra, acabou de nos enviar uma nota de imprensa, que dá conta da emergência de um novo partido que, brevemente, irá entrar em acção na cena política cabo-verdiana. De nome Partido de Progresso Nacional de Cabo Verde, esta organização política emergente vai apostar sobretudo na divulgação da cultura cabo-verdiana. Na sua bandeira, para além do nome do partido, destacam-se três palavras: Organização, União e Trabalho.
No ponto 6 do Manifesto que acabamos de receber, destaca-se a Política Cultural de um partido que pretende “dar uma especial atenção à recuperação e preservação do nosso património cultural, a difusão da literatura e a promoção da indústria cinematográfica cabo-verdiana. Será incentivada a presença de artistas e músicos cabo-verdianos nos palcos nacionais e estrangeiros. Todas as Ilhas e comunidades no estrangeiro terão centros específicos de formação e promoção da música tradicional, tradição oral, teatro, cinema, culinária. Haverá uma forte promoção da especificidade, autenticidade e valores culturais de cada ilha de Cabo Verde”.
Há várias outras questões que são realçadas pelo Manifesto do partido emergente. A defesa nacional é uma matéria com grande destaque, sendo que se promete esforços no sentido de assegurar o crescimento económico das ilhas, num clima de segurança e promoção da democracia cabo-verdiana. Para assegurar o desenvolvimento nacional, o Partido do Progresso Nacional traça uma meta que vai de 2007 a 2017, em que pretende fomentar a pareceria público-privado, no sentido de garantir a sustentabilidade da economia cabo-verdiana a longo prazo. Por outro lado, pretende encarar a saúde pública como um bem de utilidade pública, assente no direito de cada cidadão ser assistido médica e medicamentosamente.
O novo partido assume a administração eficiente dos bens públicos como um grande desafio para o desenvolvimento do país e promete dar uma atenção muito especial às questões do Ensino, das Ciências e da Tecnologia. O projecto parece desafiar todos aqueles que socorrem-se da pobreza para explicar alguns atrasos do país: defende que “todos os cabo-verdianos – desde os mais jovens aos mais velhos – têm direito à formação profissional, médio e superior, nas suas próprias ilhas”. Este objectivo só é possível através de criação de pólos de ensino de todos esses níveis em todas as ilhas ou então, há que transformar as tecnologias em Cabo Verde, ao ponto do ensino em rede, como tem sido pensado na Universidade Pública de Cabo Verde, deixe de ser um sonho. Passa pela baixa das mensalidades dos serviços de Internet, fugindo-se do preço praticado pela telefónica nacional de capital português, e isentar os computadores domésticos de taxa de alfândega.
Por fim, destaca-se a Política Social do Partido de Progresso Nacional de Cabo Verde, que encara a solidariedade, a inclusão social, o apoio ao ensino, a formação, a informação dos cidadãos, a protecção dos agregados familiares, como objectivos primordiais de qualquer Estado de Direito democrático.
O Manifesto que data de 5 de Julho de 2007 não traz qualquer assinatura, mas foi-nos enviado por António Silva, o mesmo que, no dia 29 de Janeiro passado, enviou-nos um comunicado a informar da sua desvinculação definitiva da UCID, argumentando que “volvidos 26 anos depois da minha filiação ao partido, resolvi declarar definitivamente a minha saída. A razão que leva a anunciar a minha desvinculação da UCID não tem absolutamente nada a ver com a actual liderança do partido. Pelo contrário: a UCID está hoje mais vivo do que nunca, graças à liderança do Eng. A. Monteiro. A razão da minha saída é a seguinte: tem-me faltado inspiração política suficiente para continuar a liderar a UCID na estrutura Regional ‘Benelux, Alemanha e Inglaterra’”. E, nesta sequência, vem o Partido do Progresso Nacional de Cabo Verde.

Universidade Autónoma e Lusofonia: I Festival de Video Académico

Julho 9, 2007 às 7:15 pm | Publicado em Comunicação e Sociedade | Deixe um comentário

A Universidade Autónoma de Lisboa (Portugal) está a organizar o 1º festival de vídeo académico, que será dirigido a todos os estudantes dos países de língua oficial portuguesa. O festival pretende ser um encontro de culturas, ao mesmo tempo que funcionará como uma mostra dinâmica de trabalhos feitos pela camada juvenil.
Neste sentido, convida-se a todos os jovens dos países de expressão portuguesa a tomarem parte neste evento, apresentando propostas de trabalhos para integrarem o Festival. Os jovens cabo-verdianos, e lusófonos em geral, devem levar em consideração que o evento terá lugar entre os dias 3, 4, 5, 6 e 7 de Dezembro de 2007, pelo que, caso pretendam participar, têm que apresentar as propostas com alguma antecedência. Os contactos podem ser estabelecidos através do e-mail
fx-festival@universidade-autonoma.pt. O site do Festival é www.fx-festival.ual.pt.

Informações em ‘flash’

Julho 9, 2007 às 6:33 pm | Publicado em Media & Jornalismo, Política | Deixe um comentário

REGRESSO DO HORIZONTE PODE SER PARA BREVE

«“Há neste momento uma montagem de estratégia e de equipa para o ‘futuro’ jornal”, disse-nos uma fonte bem posicionada.
Enquanto se aguarda o regresso deste semanário, agora sob a chancela da Alfa Comunicações, alguns jornalistas, inclusive da Inforpress (alguns do ex- Horizonte) estão a ser assediados para se transferirem para a Alfa Comunicações a fim de se integrarem neste futuro projecto. Um grupo de profissionais da Inforpress, revelou a Expresso das Ilhas on-line que várias pessoas da Alfa Comunicações, incluindo o próprio Presidente do Conselho da Administração da Inforpress, José Augusto Sanches (que, alegadamente, integra a administração da Alfa), têm mantido contactos com profissionais do sector, no sentido de ingressarem nas fileiras da Alfa Comunicações. “Ele (José Augusto Sanches) convidou-me para integrar a Alfa Comunicações. Sinceramente, achei estranho essa sua postura, uma vez que ele é presidente da Inforpress”, relatou-nos um profissional da comunicação social, ex- Horizonte, que também revela que o ex- director interino daquele semanário, Alexandre Semedo, já está do outro lado, “editando inclusive revistas” para a Alfa Comunicações». [
in Expresso das Ilhas]

AGÊNCIA NACIONAL DE COMUNICAÇÕES LANÇA ESTUDO SOBRE TECNOLOGIA VoIP

“A Agência Nacional das Comunicações lançou, ontem, sexta-feira, 6, uma consulta pública sobre VoIP, que vai até 6 de Agosto de 2007, para recolher contribuições, no sentido de aprofundar uma abordagem regulatória apropriada”. [in Expresso das Ilhas]

VOZ DI POVO ON-LINE ACABA DE SER REDESENHADO

«A nova cara que você vê é a parte mais visível da revisão do nosso jornal. Um dos pontos fundamentais e que justificou as alterações foi a adesão às boas práticas do jornalismo online. 
Completamos 3 anos de vida — data de criação: 5 de Julho de 2004 — e esta é a quarta remodelação. Esta é a nossa resposta ao sucesso que o jornal tem tido. Este é o primeiro de uma série de mudanças já que o jornal entra na sua maturidade e nós esperamos melhorar sua experiência quando visita o nosso site.Ao primeiro olhar, você pode querer saber o que aconteceu a algumas da suas características favoritas. De facto, nós mantivemos a maioria de tudo. Estão em novos sítios.O mais óbvio. Passamos a “Área do Membro” para o topo da página e aí inserimos funcionalidades que permitem ao visitante alterar o tamanho – na horizontal – do site bem como o tamanho das letras. Também pode alterar a cor dos ‘links’. Sugerimos que brinque com estas funcionalidades para se habituar a elas.Aí também encontra a caixa de pesquisa dentro do site e a área dos tópicos, que ganha um link extra. “Todas as notícias” junta todos os tópicos e dispõe as notícias por ordem de publicação.O ‘slideshow’ da 1ª Página ganhou a simpatia dos visitantes. Como em equipa que ganha não se mexe, não só ficou como foi melhorado. Por baixo ficam as ligações para as notícias publicadas, um pequeno espaço publicitário e uma introdução ao último artigo publicado no nosso blog “Opinião Formada” e na nossa secção “Voz do Leitor”». [
in Voz di Povo On-line]

TARRAFAL DESCOBRE A ZONA DE SANTIAGO NA INTERNET

A partir do dia 5 de Julho, curiosamente dia da independência de Cabo Verde, renasceu uma voz tarrafalense na Internet. Trata-se do retomar das actividades do site http://www.tarrafalnazona.com, mantida pela jovem Sara Coimbra e dedicada ao Concelho do Tarrafal. Qualquer proximidade entre a data da reabertura e os objectivos do portal é mera coincidência: não significa que, com este portal, quer-se um Tarrafal independente em matéria de informação, mas este é mais um meio à disposição do público tarrafalense, em particular, e dos cabo-verdianos para alcançarem uma visão independente sobre a leitura dos factos.
O portal TarrafalNaZona é actualizado a partir de Portugal e conta com uma rede de colaboradores, na maioria deles jovens estudantes, que frequentam universidades em Cabo Verde, Portugal, Estados Unidos e outras paragens. Com esta iniciativa, a promotora do portal procura unir os naturais e amantes do Tarrafal em torno da causa local, estimulando a reflexão, a troca de ideias e o diálogo entre as diferentes visões.
Há alguns anos que este site está a procurar criar uma levada por onde corresse o pensamento dos tarrafalenses, quer residentes no Concelho, quer no estrangeiro. Antes, chamava-se Tarrafal.Net. Após um período de reestruturação, ganhou a designação de TarrafalNaZona, continuando firme nos seus propósitos. De porta aberta aos filhos da terra e aos olhares sobre o concelho, o portal do Tarrafal volta a estar activo porque, num mundo dominado pela informação de circulação de forma contaminante, a luta dos tarrafalenses continua no sentido de construir uma visão local sobre a realidade global, nacional, regional e local.

Testemunho do tempo: 32 anos a tentar atravessar o deserto

Julho 5, 2007 às 3:56 pm | Publicado em Política | 3 comentários

Depois de alguns meses fora do espaço digital, como que num grito de liberdade do dia da independência nacional, o site de Tarrafal entra em actvidade. No seu primeiro dia, tive a oportunidade de participar com um texto que se segue:

Não há dúvidas de que a história de um povo faz-se com o suor que os seus filhos, diariamente, deitam à terra para fertilizar o futuro de forma a que os netos venham a encontrar campos mais verdejantes, onde possam colher frutos macios, envoltos numa inusitada sensação de tranquilidade. Os passos dados, as hesitações, os momentos de recuo, os avanços, as frustrações, os delírios, a vida e a morte… todos fazem parte de um invulgar percurso que um povo tem, para, no presente, poder desfrutar de uma gruta com uma fenda para o passado e uma luz para o futuro. O percurso de Cabo Verde, da descoberta à promoção para um País de Desenvolvimento Médio, não deixa de incorporar, mas também de corporalizar, os sentimentos contraditórios acima relatados.
Durante quinhentos anos, Cabo Verde foi convidado a desactivar uma ‘bomba atómica’ que, embora não chegando a explodir, causou um grande número de baixa. Estou a falar da fome, que, durante muito tempo, dificultou a vida aos homens das ilhas, levando uns e massacrando outros, deixando-os à beira da morte. Mas, também o país conheceu a sua época dourada. Com o desenvolvimento do Porto Grande, em São Vicente, as ilhas de Cabo Verde tornaram-se num ponto de escala obrigatório para o corredor atlântico Europa-América. Este facto, resultante da situação privilegiada das ilhas no cruzamento da rota atlântica entre a Europa, a África e a América, foi ‘factor-chave’ para o desenvolvimento da economia cabo-verdiana, durante muito tempo. Porém, a perda da importância geográfica do arquipélago ditou a destruição da sua estrutura económica, convidando os seus moderadores a definir uma nova geoestratégia.
Há outras questões que devemos ponderar nesta nossa conversa. Depois de encontrado pelos portugueses, Cabo Verde não tinha sido pensado para ser ilhas dos escravos, mas, antes, um arquipélago de homens brancos, que definissem um estilo de vida tipicamente europeia e expandissem aquilo que é genuinamente europeu para outros pontos do mundo. Mas, isto não aconteceu porque, as características climatéricas do arquipélago, em nada, semelhem à Europa. Falhou o intento português de construir ilhas ‘brancas’ em África, mas esta ideia viria a marcar Cabo Verde em todo o seu percurso.
 
Várias vezes, os cabo-verdianos pediram à administração colonial que reconhecesse o verdadeiro estatuto das ilhas, porque Cabo Verde não era uma colónia. Seria uma região anexa a Portugal. Os seus objectivos não foram imediatamente respondidos, mas não se cruzaram os braços. No dia 7 de Setembro de 1822, Brasil era formalmente reconhecido como um país independente. Os cabo-verdianos, fartos de não serem atendidos pelos portugueses, começaram a ponderar a oportunidade de uma libertação por via do Brasil, no sentido de que as nossas ilhas fossem uma região autónoma indexada ao Brasil. Porém, estes objectivos também não foram alcançados.
Igual a si próprio, o povo cabo-verdiano que aprendeu a fazer da terra seca a esperança num amanhã molhado continuou a trabalhar, a reivindicar, a escrever, usando os jornais, protestando – embora, de uma forma suave, mas protestando… querendo ser desvinculado do estatuto de colónia. Até aos finais do século XIX e princípios do século XX, as coisas estavam bem andadas no sentido de dar a Cabo Verde um estatuto semelhante ao da Madeira e dos Açores. Mas, não a expectativa não passou disso mesmo. Não tardara para que Salazar trouxesse o Estado Novo, que vinha dizer aos cabo-verdianos mais ou menos isto: vocês pertencem a uma colónia e colonizados continuarão a ser. Salazar não disse com estas palavras. Mostrou com actos. Mandou cunhar novas moedas para as Colónias onde, até aí, circulavam a mesma moeda que circulava na Metrópole. Nas moedas enviadas para Cabo Verde, podia ler-se: “Colónia de Cabo Verde”. Era um balde de água fria deitado em cima da cabeça daqueles que sonhavam com um estatuto especial para Cabo Verde no âmbito da administração colonial. Se uma moeda diferente mostrava claramente a intenção do regime de não dar aos cabo-verdianos o mesmo tratamento que aqueles que viviam na Metrópole, a indicação “Colónia de Cabo Verde” simplesmente comprovava a impossibilidade política de uma elevação do arquipélago a um novo patamar. Aquilo era chocante para os defensores da causa cabo-verdiana. Chocava-lhes duas vezes e magoava-os até às mais profundas entranhas do seu ser. Mas, a luta continuou.
Em 1956 foi criado o PAIGC e outras forças de luta e o combate deixa de ser unicamente no campo das letras e passa também para as matas da Guiné. Décadas de guerra, levaram à independência de Cabo Verde, em 1975, justamente num dia como hoje: 5 de Julho. Antes disso, Amílcar Cabral já tinha desaparecido de cena: morreu a 20 de Janeiro de 1973, numa circunstância que até hoje não se explicou  ainda muito bem.
Seguindo este curso de acontecimentos, lembremos hoje que, autonomamente, é desde há 32 anos que o povo cabo-verdiano tem vindo a lutar para construir uma alternativa de vida nas ilhas, tentando contrariar a tendência de emigração, que leva muitos filhos da terra a ir procurar melhores condições de vida em outras paragens. No dia 5 de Julho de 1975, os portugueses assinaram o documento da independência de Cabo Verde cheios de dúvidas e algumas convicções. Pensaram que o país iria entrar em colapso. A falta de recursos faz das ilhas um país muito vulnerável. Os vários ciclos de fome que marcaram a história do arquipélago, entre eles a lendária fome de 47, levaram os portugueses a pensar que Cabo Verde era um país falhado, pelo que a independência conduziria ao seu desaparecimento. O país nada tinha… a não ser o engenho e o empenho dos seus homens. Uns falaram na transformação de Cabo Verde em região autónoma de Portugal, à semelhança de Madeira e Açores. Outros pensaram na prossecução do sonho de Amílcar Cabral, unindo Cabo Verde e Guiné-Bissau. Os portugueses estavam reticentes quanto à associação do arquipélago à Guiné-Bissau. Mário Soares afirmou que nas regiões onde não houve guerra de libertação (o caso de Cabo Verde), era preciso respeitar o direito de auto-determinação dos povos. No meio de toda esta confusão, optou-se pela independência do arquipélago em relação a Portugal. Cabo Verde seguiu,  a partir de então, uma administração conjunta com a Guiné, que veio falhar com o golpe de estado empreendido por Nino Vieira, em 1981. A partir daí, Cabo Verde seguiu os seus passos e, daqui a alguns meses, vai passar para o País de Desenvolvimento Médio, fruto de políticas económicas e educativas certeiras empreendidas, sobretudo, a partir de 1991.
Surpreendendo tudo e todos, o país que era dado como incapaz em 1975, hoje é apontado como um exemplo a seguir. PARABÉNS CABO VERDE. Depois de 32 anos a tentar atravessar o deserto, já se pode ver extensas manchas verdes. Podem não ser um Oásis, mas serão, com certeza, o sinal de que o futuro está ali na esquina, à nossa espera.

5 de Julho: 32 anos a tentar atravessar o deserto

Julho 5, 2007 às 12:05 pm | Publicado em Política | 1 Comentário

 

Há 32 anos, o povo cabo-verdiano tem vindo a lutar para construir uma alternativa de vida nas ilhas, tentando contrariar a tendência de emigração, que leva muitos filhos da terra a ir procurar melhores condições de vida em outras paragens. No dia 5 de Julho de 1975, curiosamente dia do nascimento da minha irmã a quem eu aproveito para dar os meus PARABÉNS, os portugueses assinaram a independência de Cabo Verde, na convicção de o que o país entrasse em colapso. A falta de recursos faz das ilhas um país muito vulnerável. Os vários ciclos de fome que marcaram a história do arquipélago, entre eles a lendária fome de 47, levaram os portugueses a pensar que Cabo Verde era um país falhado, pelo que a independência conduziria ao seu desaparecimento. O país nada tinha… a não ser o engenho e o empenho dos seus homens. Uns falaram na transformação de Cabo Verde em região autónoma de Portugal, à semelhança de Madeira e Açores. Outros, pensaram na prossecução do sonho de Amílcar Cabral, unindo Cabo Verde e Guiné-Bissau. Os portugueses estavam reticentes quanto à associação do arquipélago à Guiné-Bissau. Mário Soares afirmou que nas regiões onde não houve guerra (o caso de Cabo Verde), era preciso respeitar o direito de auto-determinação dos povos. No meio de toda esta confusão, optou-se pela independência do arquipélago em relação a Portugal. Cabo Verde seguiu, a partir de então, uma administração conjunta com a Guiné, que veio falhar com o golpe de estado empreendido por Nino Vieira em 1981. A partir daí, Cabo Verde seguiu os seus passos e, daqui a alguns meses, vai passar para o país de desenvolvimento médio, fruto de políticas económicas certeiras empreendidas sobretudo a partir de 1991.
Surpreendendo tudo e todos, o país que era dado como incapaz em 1975, hoje é apontado como um exemplo a seguir. PARABÉNS CABO VERDE… és o nosso ORGULHO. Não falta muito para atravessares o deserto. Podes até estar longe de chegar ao Oásis, mas daqui já se consegue ver manchas verdadeiramente verdes. O deserto vai ficando para trás. Continue com o mesmo ritmo.

5 de Julho: O olhar da imprensa internacional

Julho 5, 2007 às 11:40 am | Publicado em Media & Jornalismo, Política | 1 Comentário

No dia que Cabo Verde comemora os seus 32 anos de independência, o jornal A Semana traz um retracto do olhar da imprensa estrangeira sobre o país e o seu percurso. Por economia de tempo, reproduzimos o texto do diário electrónico, com as devias aspas:

 

«O jornal português “Público” divulga hoje uma análise sobre Cabo Verde, passados 32 anos da Independência. Intitulado “Cabo Verde, a encruzilhada e o momento decisivo”, o artigo mostra as opiniões dos cabo-verdianos sobre a actual conjuntura nacional, marcada por um crescimento rápido da economia e do turismo e por muitas indefinições em diversos níveis, desde a cultura à família. Também o “New York Times” publicou, no passado dia 28, uma análise sobre Cabo Verde, “o arquipélago onde o fenómeno migratório mostra todas as suas faces”.
Para o “Público”, “vividos 32 anos de independência, Cabo Verde debruça-se sobre si próprio. Estuda-se, avalia-se, discute-se”. “Vive-se um ’momento decisivo’, dizem uns. Está-se numa ’encruzilhada’, dizem outros”, explica a jornalista Sofia Branco, que passou na última semana pelo país para participar no Fórum do jornal “A Semana”.
O artigo explica como o turismo se está a desenvolver, falando da “massificação no Sal” e do “turismo de qualidade em Santo Antão”. Depois procura analisar alguns dos problemas sociais do país (criminalidade, migração, crianças de rua e droga), dando voz, por exemplo, ao ministro da Administração Interna, que afirma: “Não temos capacidade para aguentar o ritmo desta combinação entre país de trânsito e de destino da migração irregular”.
A jornalista salienta, no entanto, que apesar do muito caminho a percorrer “Cabo Verde ocupa a 106ª posição do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas”, sendo o “líder do ranking entre os Estados africanos, quase duas dezenas de posições à frente da África do Sul”.
Sobre a cultura nacional, assinala o fecho do cinema Éden Park, “naquela que é considerada a meca cultural de Cabo Verde”. “É inevitável perguntar por que é que o cinema deixou de fazer parte dos interesses de gentes que nascem com a arte e fazem dela a sua forma de estar”, escreve o “Público”. Tenta ainda perceber porque há tanto debate em volta da oficialização do crioulo e sobre a pertença a África ou à Europa (o cabo-verdiano “’não pode dizer que é europeu e não quer dizer que é africano’, analisa a jurista Maria João Novais”).
O “New York Times”, que no dia 28 de Junho publicou um longo artigo sobre os efeitos da migração em Cabo Verde, vê o país como “o pequeno território” onde quase todos os fenómenos/efeitos migratórios acontecem. “Emigrar começou por ser uma necessidade e tornou-se depois parte essencial do DNA dos cabo-verdianos. No Mindelo, pode-se jantar no café Portugal, beber um copo no Bar Argentina e caminhar ao longo da Avenida da Holanda”, conta o NYT.
O jornal norte-americano, no artigo intitulado “In a World on the Move, a Tiny Land Strains to Cope” (em português, “Num mundo em movimento, um pequeno território tenta vencer as dificuldades”) relata pequenas histórias de cabo-verdianos, que têm familiares no estrangeiro, que desejam emigrar (“Temos aqui um cabo-verdiano que cortaria o braço direito para poder voltar aos EUA”, conta Manuel Gomes), e as dificuldades que enfrentam, cada vez mais, para conseguir vistos ou trabalho na Europa e EUA.
Ao analisar a encruzilhada de migrações que é parte da alma cabo-verdiana, o jornalista Jason DeParle fala das consequências da migração para as famílias (um aspecto ainda negligenciado pelos estudiosos da matéria em Cabo Verde). Conclui que a emigração pode “estimular a união familiar”, mas “destrói também os laços familiares”.
Jorgen Carling, um geógrafo norueguês, explica ao jornal norte-americano que “admira a capacidade de Cabo Verde se inventar a si próprio como nação sem fronteiras”, mas vê também na migração uma fonte de muitos problemas.
“Pode enfraquecer os relacionamentos, encurtar a vida dos casamentos e promover a indiferença entre estudantes e trabalhadores. A expectativa de viver das remessas e a perspectiva de sair um dia do país pode alienar os cabo-verdianos do quotidiano”, analisa.
Na sua perspectiva, Cabo Verde “é uma amostra das contradições e fricções próprias da migração global que vive o mundo”. “Está numa transição dramática – por um lado, é muito dependente da emigração e, por outro, tenta singrar num mundo em que as fronteiras se fecham cada vez mais”.
Consulte o artigo do New York Times na íntegra
Para ler o artigo do Público, deve consultar a
sua edição impressa».

Curso Rápido de Iniciação aos Sistemas Políticos-Económicos

Julho 3, 2007 às 11:00 am | Publicado em Política, Revista NÓS MEDIA | 9 comentários

Neste post, trazemos uma leitura irónica da correlação que se pode estabelecer entre as diferentes economias e modelos políticos vigentes ou que já tiveram espaço na governação dos homens. É um texto claramente humorístico, que encontrámos neste site, mas dá-nos uma visão curiosa das economias e dos regimes de diversos contextos. A primeira curiosidade, começa por explicar quase tudo com o exemplo de duas vacas. Vamos lá a elas então…

Corporativismo: Tens duas vacas. O governo retira-te as duas, emprega-te para tomares conta delas, e vende-te o leite ao valor de custo.

Comunismo Puro: Tens duas vacas. Os vizinhos ajudam-te a tomar conta delas, e todos dividem o leite.

Comunismo Russo: Tens duas vacas. O governo retira-te as duas, emprega-te para tomares conta delas, e fica-te com o leite todo. Como tal, tu decides roubar o máximo possível de leite e vendê-lo no mercado negro.

Comunismo Cambojano: Tens duas vacas. O governo retira-te as vacas e fuzila-te, acusando-te de seres um capitalista, criminoso, centralizador dos recursos de produção da Nação, e de fomentares a fome do Povo.

Socialismo: Tens duas vacas. O governo retira-te as vacas e coloca-as num curral, juntamente com as vacas de toda a gente. Tu tens que cuidar das vacas. O governo dá-te um copo de leite.

Democracia Pura: Tens duas vacas. Os teus vizinhos decidem quem deve receber o leite.

Democracia Representativa: Tens duas vacas. Os teus vizinhos escolhem alguém que decidirá quem fica com o leite.

Democracia Americana: O governo promete dar-te duas vacas se tu votares nele. Após as eleições, o presidente sofre um “impeachment” por especular em futuros de bovinos e tu não recebes nada.

Totalitarismo: Tens duas vacas. O governo apreende-as e nega a sua existência. O leite é banido.

Anarquismo: Tens duas vacas. Ou vendes o leite a um preço justo aos teus vizinhos ou eles tentam matar-te e roubar-te as vacas.

Ditadura Sul-Americana: Tens duas vacas. O governo retira-te as vacas e mata-te por ser contra a revolução.

Ditadura Iraquiana: Tens duas vacas e és fuzilado por suspeita de estas serem um instrumento do imperialismo americano com o objectivo único de contaminar todos os rebanhos do país.

Democracia da União Europeia: Tens duas vacas. Ao fim de algum tempo candidatas-te a um fundo comunitário para comprar uma ordenha mecanizada. Gasta-lo no novo modelo da BMW (também é mecanizado!!!, qual é o problema?). Se as vacas dão muito leite pedes um subsídio porque não tens onde o armazenar. Se dão pouco leite pedes um subsídio porque não tens outro meio de subsistência.

Capitalismo Ideal: Tens duas vacas. Vendes uma e com esse dinheiro compras um touro para fazer vaquinhas. Elas reproduzem-se, a exploração é multiplicada e a economia cresce. Depois, vendes a manada e aposentas-te, rico!

Capitalismo Americano: Tens duas vacas. Vendes uma e forças a outra a produzir leite de quatro vacas. E ficas muito surpreso quando ela morre…

Capitalismo Francês: Tens duas vacas. E entras em greve porque queres três.

Capitalismo Canadiano: Tens duas vacas. Usas o modelo do capitalismo americano. As vacas morrem. Então acusas o liberalismo brasileiro e exiges a adopção de medidas proteccionistas para teres as três vacas do capitalismo francês.

Capitalismo Japonês: Tens duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois crias desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e vende-los para o mundo inteiro.

Capitalismo Italiano: Tens duas vacas. Uma delas é a tua mulher, a outra é a tua sogra, “maledetto”!!!

Capitalismo Enron: Tens duas vacas. Vende três para a tua companhia de capital aberto usando garantias de crédito emitidas pelo teu cunhado. Depois faz uma troca de dívidas por acções por meio de uma oferta geral associada, de forma a conseguires todas as quatro vacas de volta, com isenção fiscal para cinco vacas. Os direitos do leite das seis vacas são transferidos para uma companhia nas Ilhas Cayman, da qual o sócio minoritário é secretamente o dono. Ele vende os direitos das sete vacas novamente para a sua companhia. O relatório anual diz que a companhia possui oito vacas, com uma opção sobre mais uma. Tu vendes uma vaca para comprares um novo presidente dos Estados Unidos e ficas com nove vacas. Ninguém fornece um balanço das operações e o público compra o esterco.


Capitalismo Britânico: Tens duas vacas. Ambas são loucas, mas a família real mantém as aparências perante a imprensa.


Capitalismo Holandês: Tens duas vacas. Elas vivem juntas em união de facto, não gostam de bois e tudo bem!


Capitalismo Alemão: Tens duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que tu querias mesmo era criar porcos.


Capitalismo Russo: Tens duas vacas. Conta-las e vês que tens cinco. Contas de novo e vês que agora já tens 42. Contas de novo e afinal apenas tens 12 vacas. Paras de contar e abres outra garrafa de vodka.


Capitalismo Suíço: Tens 500 vacas, mas nenhuma é tua. E cobras por guardares as vaca dos outros.


Capitalismo Espanhol: Tens muito orgulho de ter duas vacas.


Capitalismo Português: Tens duas vacas. E reclamas porque a tua manada não cresce…


Capitalismo Chinês: Tens duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas. Gabas-te de teres pleno emprego e alta produtividade. E prendes o activista que divulgou os números.


Capitalismo Hindu: Tens duas vacas. E ai de quem tocar nelas.


Capitalismo Argentino: Tens duas vacas. Esforças-te para ensinar as vacas a mugirem em inglês. As vacas morrem. Entregas a carne delas para o churrasco de fim de ano do FMI.


Capitalismo Brasileiro: Tens duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria a CCPV ‑ Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca. Um fiscal vem e autua-te, porque, embora tenhas recolhido correctamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo das vacas reais. A Receita Federal, por meio de dados também presumidos da tua produção de leite, queijo, sapatos de couro e botões, presumia que tu tivesses 200 vacas e para te livrares da “encrenca”, dás a vaca restante ao fiscal…

Abre um novo canal de comunicação entre as ilhas

Julho 3, 2007 às 10:56 am | Publicado em Comunicação e Sociedade | Deixe um comentário

 Catamaran da Moura Company atracado no cais da Praia 

A partir de domingo passado, tornou-se possível ‘voar’ por mar, em Cabo Verde. Os dois catamarans, postos a funcionar pela empresa de transportes Moura Company, que alastrou as suas actividades para a área marítima, espreitando os ares, será uma nova aurora na comunicação entre as ilhas. Torna-se, possível, a um preço muito acessível, fazer viagens com tranquilidade e rapidez, entre as diferentes ilhas do país. Uma iniciativa muito louvável para os cabo-verdianos espalhados em 9 ilhas, com pouco poder de compra, o que dificulta as viagens entre as ilhas por avião. Também, é muito importante para os turistas que vão passar as suas férias em Cabo Verde, já que, com o preço e a qualidade das viagens dos catamarans, podem conhecer várias ilhas, sem grandes custos de deslocação entre elas.
Lembremos que os barcos que têm operado nas águas cabo-verdianas estão longe de dar aos passageiros o conforto que os catamarans lhes proporcionam. Por isso, aplaudimos esta boa iniciativa, que marca uma nova era no relacionamento entre os povos das ilhas. Bem-haja.

FOTO: Liberal

Catamaran da Moura Company teve que esperar mais de duas horas para atracar

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